sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

III Workshop Piauí Solar reúne pesquisadores de vários estados e discute avanços na área

Começou na manhã desta terça-feira (28) o III Workshop Piauí Solar e o II Seminário de Pesquisa em Energia Solar do Piauí. O evento é fruto da parceria entre o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Energia Solar (GIPES), a Universidade Federal do Piauí (UFPI), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI) e o Instituto Piauí Solar, além de contar com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi).
O professor do Departamento de Energia Elétrica da UFPI, Marcos Lira, é o coordenador geral do evento e explicou o objetivo. “A nossa missão foi reunir pesquisadores, estudantes e profissionais da área de energia solar fotovoltaica e discutir as políticas que estão em processo de mudança, sobretudo em nosso estado”.
Marcos Lira também chamou atenção para a inauguração, na mesma ocasião do Workshop, da maior usina de Energia Solar Fotovoltaica da América Latina, localizada no município de Ribeira do Piauí e que vai trabalhar com a capacidade de 292 MW, que é um índice muito alto.
O Diretor técnico-científico da Fapepi e diretor do Instituto Piauí Solar, Albemerc de Moraes, falou de muitos avanços do Piauí com relação ao uso da energia solar e também adiantou a notícia de que o estado terá em 2018 seu primeiro curso de pós-graduação em energias renováveis. Ele ainda ressaltou a contribuição de muitos convidados de outros estado no evento, vindos de Goiás, Tocantins, Brasília e Ceará.
Para Mirna Vaz da Rocha, Gerente do Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas do Piauí (SEBRAE-PI), o evento vai ao encontro da missão do próprio SEBRAE, que é contribuir com o desenvolvimento dos pequenos negócios. “O evento fala desse importante movimento que é desenvolvimento social e do ambiental, voltados para as energias renováveis, dentro do qual o Piauí tem destaque especial pelo seu potencial natural. E aqui viemos fazer um elo essencial, pois aqui temos a academia, governo e nós trazemos a linha do empreendedorismo”, comentou.
A manhã foi então marcada pela solenidade de abertura oficial do evento, com belas apresentações culturais. Seguiu-se a Conferência “Energia solar como vetor para o desenvolvimento” ministrada pelo palestrante convidado, Jurandir Picanço que é Conselheiro da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).
Picanço explicou que a ABSOLAR tem o objetivo de promover o desenvolvimento e uso da energia solar fotovoltaica. “Estamos aqui no III Workshop Piauí Solar, que tem justamente esse objetivo em comum, e aqui teremos com certeza resultados muito bons, nesse estado que é o de maior concentração de radiação solar do país”.
Autoria: Jhussyenna Reis
Membros da equipe organizadora

terça-feira, 17 de outubro de 2017

III Workshop Piauí Solar

A energia solar caracteriza-se por ser uma das alternativas para auxiliar no provimentode energia elétrica necessária para atender as demandas cada vez mais crescentes da humanidade.
A regulamentação para sistemas fotovoltaicos conectados à rede de distribuição, associados a unidades consumidoras, foi definida em 2012 pela ANEEL, a partir da publicação das Resoluções Normativas nº 482/2012 e nº 687/2015 que tratamda micro e minigeração distribuída.
Assim, O Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Energia Solar (GIPES), em parceria com a Universidade Federal do Piauí, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí e o Instituto Piauí Solar tem a honra de acolhê-lo neste III Workshop Piauí Solar, o qual tem como objetivo reunir especialistas e profissionais de empresas, governo e instituições de pesquisa para debater estratégias para consolidar o uso da energia solar fotovoltaica no Piauí.
Mais uma vez o evento contará com a parte científica, através no II Seminário de Pesquisa em Energia Solar do Piauí, oportunidade na qual alunos e professores divulgarão os trabalhos que vêm sendo realizados nos centros de Pesquisa.
O III Workshop Piauí Solare II Seminário de Pesquisa em Energia Solar do Piauí acontecerá em Teresina entre os dias 28,29 e 30 de novembro de 2017 no Colégio Técnico de Teresina da UFPI (CTT).
Site do evento: http://piauisolar.com.br/

Campanha "Sol para Todos" realiza implantação de sistema solar fotovoltaico no Abrigo São Lucas

Teve início a instalação do sistema de energia solar fotovoltaico no Abrigo São Lucas (Instituição Filantrópica que cuida de idosos). A iniciativa faz parte das ações da ONG Instituto Piauí Solar, que tem por objetivo promover a difusão de tecnologias energéticas renováveis apropriadas a realidade local e a preservação do meio ambiente.
A Universidade Federal do Piauí (UFPI), em parceria com o Instituto Piauí Solar (IPS) e o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Energia Solar do Piauí (GIPES), que agrupa membros de diversos cursos da UFPI e do Instituto Federal do Piauí (IFPI), participa deste projeto por meio da campanha “Sol para Todos”, responsável por arrecadar fundos para a implantação desse sistema de energia solar no Abrigo São Lucas.
instalacao abrigo2
Instalação do sistema de energia solar no Abrigo São Lucas
A equipe do projeto agradeceu a todos que colaboraram para a sua realização. “Agradecemos o apoio de todos. Juntos estamos levando energia solar para quem precisa”.
O projeto visa proporcionar desconto permanente na "conta de luz" da instituição, buscando também difundir essa tecnologia limpa e renovável de geração de energia elétrica que é a energia solar, divulgando os seus benefícios para a população piauiense, além de capacitar jovens na área.
Segundo o Prof. Dr. Marcos Antônio Tavares Lira, um dos organizadores da campanha, a UFPI participa do projeto por meio do grupo de pesquisa GIPES, que possui como membros professores de Engenharia Elétrica e Física e alunos de Engenharia Elétrica, de Produção e Física. O grupo, no âmbito da UFPI, organiza a cada dois anos o Workshop "Piauí Solar" e desenvolve várias ações com alunos de Iniciação Científica. 
instalacao abrigo1
Sistema foi adquirido por meio da campanha "Sol para Todos"
“A campanha "Sol para Todos" nasceu do anseio de que fosse realizado algo concreto relacionado à energia solar envolvendo alunos e professores, mas que também deixasse como resultado um produto que pudesse contribuir com uma instituição de caridade de Teresina”, explica o professor.
Tendo em vista o importante papel das instituições filantrópicas do Piauí e o gasto constante dessas instituições com energia elétrica, o Instituto Piauí Solar (IPS) e o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Energia Solar do Piauí (GIPES) realizaram, em abril de 2016, uma consulta pública por meio de uma enquete na internet para escolher uma entidade filantrópica do Piauí a ser contemplada com um sistema de energia solar. Na ocasião, a Fundação Abrigo São Lucas foi a vencedora, com cerca de 23% dos votos.
instalacao abrigo3
Projeto visa diminuir gastos com a energia
O Abrigo São Lucas
A Fundação Abrigo São Lucas é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que presta serviços à sociedade há mais de 25 anos e tem como objetivo principal o acolhimento institucional a pessoas idosas, que se encontram em condições de exclusão social, promovendo uma convivência em grupo e integrando idosos que se encontram em situação de vulnerabilidade, expostos a riscos pessoais e sociais em decorrência de abandono, maus tratos físicos e/ou psíquicos, dentre outras.
Com a instalação do sistema de energia solar a instituição terá abatimento na conta de luz e poderá reinvestir os recursos economizados em outras atividades e/ou suprir outras necessidades.
Confira mais informações no site da campanha.

Fonte: http://ufpi.br/ultimas-noticias-ufpi/18975-campanha

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

No sertão do PI, energia solar bombeia água do subsolo para irrigar plantação

Projeto 'Sol e Água no Sertão' criou pequeno oásis no sertão piauiense.
Ação utiliza tecnologia nacional que barateia a instalação dos equipamentos.

Placas fotovoltaicas na comunidade Exu, no sertão do Piauí, em Oeiras (Foto: Albemerc Moraes/Arquivo pessoal)Placas fotovoltaicas na comunidade Exu, no sertão do Piauí, em Oeiras (Foto: Albemerc Moraes/Arquivo pessoal)
O sol escaldante que faz evaporar a água, secar a terra e a vegetação em Oeiras, no Centro Sul piauiense, é o mesmo que move uma bomba que puxa o precioso líquido do subsolo para irrigar uma plantação de frutas e legumes. O projeto "Sol e Água no Sertão", que existe há dois anos, instalou 10 placas de captação de energia solar na Comunidade Exu e transformou a localidade em um pequeno oásis no meio do sertão.
Área plantada em Oeiras (Foto: Albemerc Moraes/Arquivo pessoal)Área plantada em Oeiras (Foto: Albemerc Moraes/
Arquivo pessoal)
A iniciativa é Instituto Piauí Solar (IPS), instituição não governamental sem fins lucrativos que incentiva o uso de energias renováveis para o desenvolvimento da realidade local de cada comunidade. Em Exu, cerca de mil metros de canos em sistema de gotejamento irrigam uma área onde estão plantados pés de banana, melancia macaxeira e outras culturas.
Área verde em meio ao sertão piauiense, em Oeiras (Foto: Albemerc Moraes/Arquivo pessoal)Área verde em meio ao sertão piauiense (Foto:
Albemerc Moraes/Arquivo pessoal)
“É uma potencialidade muito grande você aproveitar a energia solar e á agua no subsolo, coisas que temos em abundância, para unir as duas coisas e possibilitar o acesso à água ao pequeno produtor  para produzir diversas culturas em um região semi-árida”, afirmou Albemerc Morais, diretor do IPS.

O projeto foi desenvolvido com apoio do Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos da Universidade Estadual de São Paulo (USP) e instituições locais (CEFAS, FUNDED e SEMA) e faz parte da pesquisa de doutorado de Albemerc que trata do acesso à água em regiões semiárida através de sistemas fotovoltaicos de bombeamento.

“O diferencial desse projeto, único no Piauí, é a utilização de um dispositivo nacional para acoplar os painéis fotovoltaicos a uma motobomba nacional trifásica, barateando o sistema e facilitando a manutenção e troca de equipamentos”, contou.

Albermerc conta que o instituto surgiu para ajudar os produtores rurais a entender os benefícios que a eletricidade pode proporcionar. Aliado a isso, existe a falta de disponibilidade de energia em muitas regiões. Desta forma, a energia fotovoltaica apresenta-se como uma alternativa promissora.

"Assim, quando o pequeno agricultor possui um poço/fonte de água distante da sua residência, a eletrificação pública não contempla a extensão da rede até a fonte de água. Nesse casos, a energia solar fotovoltaica é comprovadamente viável e  possui um grade potencial para fortalecer a agricultura familiar”, afirmou.

Apesar de todo o poetencial, diz Albemerc, faltam programas governamentais que incentivem o seu uso da energia solar, bem como linhas de créditos ao pequeno produtor, mão de obra capacitada, dentre outras questões.
Fonte: G1 - http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2014/11/no-sertao-do-pi-energia-solar-bombeia-agua-do-subsolo-para-irrigar-plantacao.html

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

I Workshop Piauí Solar 

Ocorre no dia 10 de fevereiro de 2014 às 14h no auditório do CT na Universidade Federal do Piauí (UFPI) o I Workshop Piauí Solar (estratégias para a expansão do uso da energia solar fotovoltaica no Piauí). O evento, promovido pelo curso de Engenharia Elétrica da Instituição e o Instituto Piauí Solar (IPS), tem como objetivo principal reunir especialistas e profissionais de empresas, governo e instituições de ensino/pesquisa e sociedade em geral para debater estratégias para expansão do uso da energia solar fotovoltaica no Piauí.
A realização do evento justifica-se pelo grande potencial do Piauí para aplicação da energia solar fotovoltaica, bem como a existência de marco legal (Lei Estadual n° 5.936/09, Lei Municipal n° 3.935/09 - Teresina; Resolução ANEEL 482/12) que incentiva o aproveitamento dessa importante fonte energética. Além disso, o Brasil vive hoje um importante momento de debate e movimentação dos agentes públicos e privados para se estabelecer mercado fotovoltaico no país.
Na ocasião do evento, será lançado o livro "Energia Solar Fotovoltaica no Piauí: Barreiras e Potencialidades" do autor piauiense Albemerc Moraes, publicado pela editora da UFPI (EDUFPI). O livro tem como objetivo identificar as principais barreiras e potencialidades para a expansão do uso da energia solar fotovoltaica no Piauí.
A energia solar fotovoltaica caracteriza-se pela conversão direta da radiação solar em energia elétrica, para isso utiliza-se os módulos (placas) solares, que são fabricados a partir de materiais semicondutores, como o silício, e em geral são importados. As primeiras aplicações comerciais dessa tecnologia remontam o final da década de 1950, inicialmente para fins espaciais. Atualmente o uso da energia solar fotovoltaica está em franca ascensão, sendo considerada por muitos especialistas uma forma bastante promissora de geração descentralizada de energia elétrica e apresentando uma ampla gama de aplicações.
O evento é gratuito e contará com a seguinte programação:
Programação
14h - Abertura;
14h40 - Empresas do setor apresentam seu portfólio;
15h20 - Mesa Redonda: Energia Solar (fotovoltaica) no Piauí: panorama atual e perspectivas futuras (Mediador: Prof. Dr. Bartolomeu Ferreira - UFPI): 
O potencial de geração distribuída da energia solar fotovoltaica no Piauí, tendo em vista a resolução Aneel 482/2012 - visão da concessionária (Palestrante: representante da Eletrobrás Distribuição Piauí); 
O papel da Secretaria Estadual de Mineração, Petróleo e Energias Renováveis (SEMPER) no apoio a expansão da energia solar fotovoltaica no Piauí (Palestrante: representante da Secretaria de Mineração);
-- 1ª rodada de perguntas --
Cenários e perspectivas para expansão do uso da energia solar fotovoltaica no Piauí e o papel da UFPI (Prof. Msc. Marcos Lira - UFPI);
Energia solar fotovoltaica no Piauí: barreiras e potencialidades (Albemerc Moura de Moraes - Instituto Piauí Solar (IPS) - UFABC);
-- 2ª rodada de perguntas --
17h50 - Encerramento e lançamento do livro: "Energia solar fotovoltaica no Piauí: barreiras e potencialidades" (Albemerc Moura de Moraes - EDUFPI). Apresentação: Eng. Joselito Felix.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O Instituto Piauí Solar no Facebook

O Instituto Piauí Solar (IPS)* também está no facebook. Conheça e faça parte!


*O IPS é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) criada em junho de 2011 no município de Oeiras (PI). Trata-se de uma instituição de caráter socioambiental, sem fins lucrativos, que pretende proporcionar a criação de ambientes de debate e discussão de políticas alternativas de incentivo ao uso de energias renováveis, bem como a preservação do meio ambiente e a promoção de tecnologias energéticas apropriadas à realidade local.

 contato: piauisolar@gmail.com

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Potencialidades produtivas da energia solar no Piauí*


A disponibilidade de energia elétrica é hoje um dos requisitos básicos de qualquer empreendimento produtivo. Várias são as vantagens que a eletricidade pode oferecer ao homem no intuito de aprimorar o seu trabalho, aumentando a produtividade e a qualidade dos seus serviços. No meio rural não é diferente, várias são as possibilidades que o fornecimento de energia elétrica pode oferecer ao homem do campo. Todavia, muitos produtores rurais piauienses na atualidade ainda desconhecem os benefícios que a eletricidade pode proporcionar. Nesse cenário, tendo em vista as potencialidades produtivas locais e a não disponibilidade de energia elétrica em várias regiões rurais do Estado a opção fotovoltaica apresenta-se como uma alternativa promissora.
Uma das grandes vocações produtivas que o Piauí possui é a apicultura, apresentando-se como o maior produtor de mel do Nordeste e o segundo do País. A região de maior produtividade está encravada no meio do semiárido piauiense, em especial na micro-região de Picos, apresentado a maior concentração de apicultores do Brasil. Além dos fatores ambientais[1] que favorecem esse cenário, políticas públicas de incentivo e capacitação de produtores estão dentro dos principais motivos que ao longo das três últimas décadas consolidaram esta prática no Estado. A grande vantagem da apicultura no semiárido piauiense deve-se ao caráter social que a atividade desempenha, possibilitando a geração de renda e a melhoria na qualidade de vida dos pequenos produtores, base principal do processo produtivo.
Nessa atividade, o caráter familiar é uma constante. Em geral, pequenos produtores rurais de uma mesma comunidade formam uma associação de apicultores e iniciam o processo produtivo, contando com o apoio técnico de instituições governamentais e/ou não-governamentais.  Um dos passos iniciais desse processo é a construção de uma edificação que servirá de sede para associação: a casa do mel. Essa edificação abrigará todos os equipamentos necessários para o beneficiamento dos produtos e subprodutos da apicultura, que geralmente necessita de atividades noturnas. Em localidades não eletrificadas a tecnologia solar fotovoltaica apresenta-se como alternativa promissora no fornecimento de eletricidade de qualidade às casas do mel, possibilitando melhorias reais nas condições de trabalho. A figura 1 ilustra o processo produtivo do mel no semiárido piauiense, com destaque especial à opção fotovoltaica na eletrificação das casas de mel em locais não conectados à rede elétrica. 

Fig. 1 - Processo produtivo do mel, com detalhe na inserção fotovoltaica. 39

Duas outras vertentes de atividades produtivas regionais com potencial para aplicação fotovoltaica são a pecuária e a ovinocaprinocultura, especialmente na eletrificação de cercas. A pecuária no Piauí apresenta-se como a primeira atividade econômica, fazendo parte da sua tradição histórica e cultural. Já a criação de animais menores e adaptados para regiões áridas tem origens mais recentes no cenário estadual, porém apresenta na atualidade grande representatividade no mercado nacional, especialmente os caprinos cujo rebanhos são o segundo maior do Brasil.
Em ambos os casos, a prática extensiva de criação é majoritária, sendo normalmente realizada de forma amadora por pequenos e médios agricultores rurais. Contudo, este tipo de prática compromete a produtividade e reduz o aproveitamento do couro. Levando em conta essas peculiaridades, o sistema de produção agrossilvipastoril apresenta-se como alternativa promissora, tanto na conservação dos recursos naturais, quanto no ganho de produtividade agropecuária. Esse modelo, desenvolvido pela Embrapa Caprinos em Sobral (CE), baseia-se na subdivisão da propriedade rural em três porções (agrícola, pecuária e reserva legal) a serem explorados em sistema de rodízio. Nesse contexto, a utilização de cercas eletrificadas (figura 2) apresenta uma série de vantagens, dentre elas: o custo inferior (menos material), melhoria na qualidade do couro, baixa manutenção, facilidade de modificação/transferência, redução no uso de madeira, etc.

 F 2 - Modelo de cerca elétrica com quatro fios adotando para caprinos e que pode ser alimentado com gerador fotovoltaico

A piscicultura é outra atividade de grande potencial regional que pode também contar com a opção fotovoltaica. Esse tipo de geração pode atuar em três frentes diferentes de aplicabilidade: no fornecimento de água, no processo de aeração e na conservação do pescado. No primeiro caso, o fornecimento de água fica assegurado através da utilização de sistemas fotovoltaicos de bombeamento de água. O segundo caso trata-se da utilização de um arranjo fotovoltaico para acionar um dispositivo apropriado que induz a oxigenação da água em reservatórios controlados (lagos artificiais), de forma a reduzir a mortalidade dos peixes e intensificar a produção. O terceiro caso refere-se à mini fábricas de gelo acionadas também por painéis fotovoltaicos.
A figura 3 apresenta detalhes de um sistema fotovoltaico de aeração para criação de peixes de forma intensiva em lagos. Esse sistema foi instalado em Israel e apresentou satisfatórias condições de operação durante os dois anos em que foi estudado, isso se aplica aos componentes dos sistemas e aos instrumentos de medida. Os componentes principais desse sistema são: arranjo fotovoltaico (848 Wp – 16 módulos), controlador eletrônico de carga (24 V - 25 A), banco de bateria (500 Ah), motor elétrico (400 W - 1500 rpm) e equipamentos de medição. O lago em questão possui 150 m² e a existência de baterias é justificada por possibilitar o funcionamento do sistema mesmo durante a noite. Essa configuração pode ser alterada e adaptada para as condições especificas locais, para isso faz-se necessário a realização de pesquisas.
 Fig. 3 - Ilustração de sistema fotovoltaico de aeração, utilizado na piscicultura. 41
Além desses casos supracitados, a opção fotovoltaica apresenta-se também promissora em outras atividades produtivas piauienses, tais como: cajucultura, umbucultura, agricultura orgânica, nos processos produtivos da cera de carnaúba e da farinha de mandioca, dentre outras. Para isso, porém, faz-se necessário investimento em pesquisa e desenvolvimento e em políticas públicas, com o objetivo de mudar paradigmas.
O aproveitamento de outros potenciais energéticos (eólica, biogás, biodiesel) da região, associado à opção fotovoltaica, pode contribuir para fortalecer esse tipo de geração. Para isso, tornam-se necessários a adaptação e o dimensionamento, segundo as necessidades de demanda, com soluções de acordo com as características locais. Portanto, trabalhos de pesquisas nesse setor devem ser realizados, de forma a aumentar as chances de sucessos de empreendimentos nessas culturas.


[1]     Dentre os principais fatores ambientais estão a florada silvestre e diversificada, proporcionado uma produção em praticamente todo o ano.


* Texto publicado originalmente em http://migre.me/7f0VP




quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Energia Solar no município de Alto Longá (PI)


O município de Alto Longá localiza-se na porção leste do Território Entre Rios, a aproximadamente 70 km de Teresina. A origem do município é datada do final do século XIX, sendo criado a partir de uma fazenda de gado. Atualmente, o município possui uma população de 13.612 habitantes (IBGE, 2007), distribuída em uma área de 1.621 km². 
Localização do município de Alto Longá, Piauí
Segundo dados da CEPISA de dezembro 2008, o município apresenta aproximadamente 800 famílias desprovidas do fornecimento de energia elétrica. Entretanto, mesmo a população que já tem acesso a esse serviço público padece da baixa qualidade no atendimento, principalmente devido às quedas de tensão e interrupções no fornecimento. Tais características dificultam o processo de abastecimento de água do município. Como alternativa a esta realidade, a prefeitura municipal instalou cerca de sete sistemas fotovoltaicos de bombeamento de água, sendo quatro sistemas na zona urbana e três na zona rural.
O interessante desse empreendimento energético refere-se aos locais onde os sistemas fotovoltaicos de bombeamento de água foram instalados, ou seja, em lugares já eletrificados (rurais ou urbanos). A justificativa para isso, segundo a empresa contratada para fazer as instalações, refere-se à baixa qualidade no fornecimento de energia elétrica da rede, o que provocava constantes problemas nos equipamentos de bombeamento de água existentes. Em contrapartida, os sistemas fotovoltaicos de bombeamento apresentam-se com maior confiabilidade, apesar de possuírem um custo inicial bem maior.
Duas dessas instalações foram visitadas em pesquisa de mestrado (dissertação disponível em: http://migre.me/74j2u). A primeira instalação pesquisada encontra-se no Bairro Baixa das Carnaúbas, zona urbana do município. Segundo entrevistados, esse sistema foi instalado em 2006, sendo composto por 10 módulos fotovoltaicos de 70 Wp, um motobomba e um reservatório de água de 10.000 litros. Abaixo segue fotos do local.

 Sistema fotovoltaico de bombeamento de água, Bairro Baixa das Carnaúbas - Alto Longá, Piauí.
 A segunda instalação encontra-se na localidade Brejinho, situada à aproximadamente 2,2 km da sede do município. Na localidade vivem cerca de 160 famílias, que sobrevivem da agricultura familiar e da criação de pequenos animais. Devido à proximidade com a cidade, a localidade foi eletrificada há mais de 12 anos. Os moradores entrevistados relataram que além de ser monofásica (MRT) a energia elétrica que abastece o lugar é de baixa qualidade. Com isso, eram frequentes as quedas de tensão e a interrupção no fornecimento, o que ocasionava aviarias ao sistema de bombeamento que existia na comunidade. Esse sistema antigo foi substituído em 2006 por um sistema fotovoltaico de bombeamento d’água, que compreende 08 módulos fotovoltaicos de 75 Wp, uma motobomba e um reservatório com capacidade para armazenar 10.000 litros de água potável.


Sistema fotovoltaico de bombeamento de água, localidade Brejinho - Alto Longá, Piauí.

Em ambas as instalações, o sistema estava operando normalmente e não sofreu ações de depredadores. A manutenção é realizada pela mesma empresa que instalou os sistemas. Além disso, a comunidade não participou diretamente do processo de implantação. Porém, manifestaram total aprovação quanto à qualidade do bombeamento. Na localidade Brejinho, a comunidade reclamou apenas da necessidade de ampliação do sistema de bombeamento para atender a demanda crescente por água.

 Albemerc

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Energia elétrica e desenvolvimento no Piauí*


 É comum, atualmente, associar desenvolvimento somente a crescimento econômico, aumento de renda, industrialização ou avanço tecnológico. Em crítica a essas visões mais restritas, o economista e Prêmio Nobel, Amartya Sen, propõe uma concepção mais adequada de desenvolvimento, que deve ir muito além da acumulação de riquezas, do crescimento do PNB (Produto Nacional Bruto) ou de outras variáveis relacionadas à renda. Segundo ele, o desenvolvimento tem que estar relacionado, sobretudo com a melhoria das condições de vida e das liberdades desfrutadas. Assim, para ele a liberdade é o principal fim do desenvolvimento, sendo que a pobreza é vista como forma de privação de liberdades.
 
O acesso à energia elétrica na atualidade pode atuar como facilitador do processo de redução destas privações de liberdades, visto que pode permitir o funcionamento de uma infinidade de equipamentos, que por sua vez possibilitam melhorias no bem-estar das pessoas. A disponibilidade de energia elétrica, portanto, configura-se como um fundamental recurso facilitador da vida humana, uma vez que permite uma melhor qualidade de vida e um maior aprimoramento de seu trabalho.
Sabemos hoje que o PNB é o indicador mais utilizado para medir o desempenho de uma economia na produção de bens e serviços, por conseguinte, é muitas vezes associado ao consumo e à produção de energia. Contudo, indicadores sociais como o IDH podem estar fortemente correlacionados ao consumo de energia. Partindo desta prerrogativa, podemos fazer uma análise comparativa no Estado do Piauí entre o acesso à energia elétrica e o IDH. Dessa análise constatamos que há uma correlação entre os municípios com baixo acesso à energia elétrica e os municípios de menor IDH. Os casos extremos são os municípios de Teresina (maior IDH) e Guaribas (menor IDH), que apresentam respectivamente os maiores e menores índices percentuais de eletrificação. Assim, embora esta simples comparação entre indicadores não seja conclusiva, podemos inferir que existe uma relação muito estreita entre o acesso à energia elétrica e o desenvolvimento. No entanto, deve-se ressaltar que o simples acesso à energia elétrica não é suficiente para permitir o desenvolvimento de uma região, como muitos programas de eletrificação rural sugerem.
A realidade da zona rural piauiense não difere muito da de outros Estados do Nordeste, principalmente na região semiárida, onde os períodos de estiagem são mais prolongados e as consequências da seca são mais severas. Aqui, a disponibilidade de energia elétrica pode contribuir de forma satisfatória para a melhoria das condições de vida da população e para o desenvolvimento regional. Dentre os vários benefícios que a eletricidade pode oferecer para o sertanejo, um é essencialmente mais importante: o acesso à água potável. Além disso, a melhoria na qualidade de iluminação, o acesso melhorado à educação, saúde, abastecimento de água, geração de renda, etc. Neste contexto, o acesso à energia elétrica pode ser considerado como uma forma de liberdade e, portanto, está relacionado diretamente ao desenvolvimento. No entanto, embora exista uma relação entre o acesso à energia elétrica e o desenvolvimento, outros programas sociais devem estar associados aos programas de eletrificação rural. Para que os benefícios da eletricidade possam promover de fato reais melhorias nas condições de vida da população envolvida.

        * Texto publicado originalmente por Albemerc Moura de Moraes no dia 03 de maio de 2010 no jornal Meio Norte (Teresina - Piauí)
Relação entre o índice de eletrificação do Piauí e o IDH-M.